sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Restos...




São os passos nos corredores estreitos
São os vãos e parapeitos
Os muros que se racham quando olhados
E o desespero borbulhando por debaixo
Das têmporas dos animais domesticados

São os alarmes das madrugadas geladas
São as estátuas nuas rabiscadas
Sons de estouros abafados, angustiantes
Dos socos nos estômagos
Das vítimas da patrulha das noites

Corra para os braços do vazio
Príncipe da solidão enluarada
Seja seu luto uma vitória
Contra sua própria sorte
Sejam estes gozos relâmpagos
Que atravessam o corpo traidor
Seja esta dor dos olhos injetados
Um poema acre-amor
De fingir gozar
De tanto chorar
Por ter de fugir mais uma vez
Para sempre mais uma vez
Da imagem no espelho de carne
Que se funde às suas doces miragens
Nebulosas dimensões-voragem
Engolindo seus remorsos
Degolando seus pecados
Atirados contra os pisos, assoalhos
Ressoando os passos

Nos corredores estreitos
Um vão até o parapeito
Um grito-sirene ao muro que verga
Ao desespero brotando
Por entre suas vértebras animais...

Do claustro um chamado
Um choro abafado
Um soco e um chute e uma vítima
Do cinzento passado
Cinzento passado
Um cinzento passado
Seu cinzento passado
Passado cinza

Nossas cinzas...








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