quinta-feira, 4 de julho de 2013

Educação e desinformação (Conclusões / Soluções)


Conclusões. Soluções possíveis.




Devemos admitir, não sem uma certa vergonha pela nossa tradicional passividade ante a coisa pública, que as soluções para problemas tais como crescimento demográfico desmedido, doenças sexualmente transmissíveis, desemprego, violência, dominação política e ideológica se constituem, em termos materiais, mais fáceis de resolver do que supúnhamos, como este trabalho bem tenta demonstrar.

Qualquer solução passa pela questão da informação, quando transformada em conhecimento – um saber útil.

Mas, por que então se diz que o solucionar é apenas “materialmente” fácil? Diz-se tão-somente devido às barreiras impostas pelas facções detentoras de maior poder e informação. E o que indica a existência de tal empecilho? O indica a própria simplicidade de implantação deste defendido plano de esclarecimento público em aspectos familiar, escolar e midiático. Os recursos para isso estão, por assim dizer, totalmente à disposição das autoridades políticas e dos grupos empresariais inegavelmente influentes.

Sabe-se agora o quão “lucrativa” é a pobreza, para a facção dicotomicamente oposta. Vemos os exemplos; vemos o que costuma ocorrer em vésperas de eleições: um eleitorado marginalizado a se arrastar pelo pouco de alento que o candidato lhes oferece, logo depois agradecidíssimo pela “caridade”.

Vemos não só uma coação de informação, mas um declarado empecilho à educação popular – bastando lembrar a dificuldade que é a implantação da Filosofia como disciplina obrigatória no ensino público no Brasil.

Mas o pior de tudo consiste na ampla divulgação, por parte do governo e dos meios de comunicação em geral, de um modelo social imposto como inevitável, copiado da “lei da selva”: uma sociedade que não pode se sustentar fora do paradigma da competição, transferindo até para a dimensão individual o conhecido mote das relações empresariais. Não se fala em cooperação como opção de ordem social, como que justificando a afirmativa de Hobbes: “o homem é o lobo do homem”. E o resultado disso tudo só poderia ser a marginalização.

Assim, com toda a certeza, podemos afirmar ser o conhecimento a chave da verdadeira liberdade – a liberdade à qual visa a ética, e nunca a “liberdade da raposa no galinheiro”, para citar uma metáfora socialista.

Como a resposta para tantas calamidades sociais passa pela educação e pela informação, segue-se que o estímulo à ignorância e à alienação constitui a base da miséria material e moral de um povo.



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A título de complemento, coloco aqui uma relação de lembretes úteis, já divulgados por mim em um panfleto apolítico intitulado “pequenas dicas para mudar o mundo”:



SOLUÇÕES POSSÍVEIS

Geralmente estão relacionadas a um processo de crença e descrença.



* Não acredite que a vitória numa guerra traga paz. A nação que sai derrotada sempre se impregna de rancores nacionalistas.

* Não acredite em tudo que é divulgado pela imprensa em geral. Procure conhecer bem os jornalistas e os ditos formadores de opinião. É facílimo utilizar os meios de comunicação para ovacionar os mesquinhos e denegrir os justos. Desconfiar é tão saudável quanto confiar...

* Não tome por novas e revolucionárias as concepções de ordem social já comprovadamente falhas. Procure conhecer a História que a escola não ensina.

* Procure conhecer seus direitos – os universais, declarados pela ONU, e os constitucionais.

* Não acredite em todas as propagandas, mas divulgue honestamente aquilo em que você acredita.

* Não aceite como artigo de fé aquilo que não passar pelo crivo da razão, e quanto às questões que não dizem respeito à religião mas mesmo assim são abordadas por ela, não creia em absoluto antes que se torne consenso na comunidade científica.

* Acredite que há outras formas de viver socialmente. Sempre há lugares que combinem com o seu jeito de ser. Sempre há pessoas parecidas com você. Comunique-se!

* Não acredite em uma coisa só porque ela é bombástica e grandiosa. Lembre-se: a verdade às vezes é bem sutil, e pode passar despercebida pela maioria das pessoas.

* Não acredite que a competição seja uma garantia de ordem social. Ao contrário; creia sempre na cooperação. Fracos e desajustados merecem oportunidades.

* Creia que você possui grandes talentos e capacidades. É só descobri-los ou desenvolvê-los plenamente com estudos persistentes.

* Procure conhecer as ideologias políticas, suas origens e diferenças. Não adianta se queixar mais tarde!

* Não creia que o melhor da música e das artes em geral seja necessariamente aquilo que a mídia divulga: coisas que a rádio não toca e a TV não mostra, por não fecharem com seus interesses e de seus patrocinadores.

* O controle da sociedade pertence àqueles que detém maior conhecimento. Quanto mais você souber, menos será dominado e enganado.

* Não tenha vergonha de ser justo e caridoso, mas também não se envaideça por isso. Os gestos bons devem ser feitos com naturalidade.

* Não creia que amor e amizade sejam coisas diferentes. Mas aprenda a distinguir os vários tipos de amor.

* Aprecie tudo o que não faz mal. Esse é o trunfo dos bons otimistas: só pelo fato de algo não provocar dano a ninguém, já pode ser admirado. Assim, podemos ampliar nossos gostos e restringir o ódio apenas contra aquilo que merecer mesmo ser odiado, ou seja, tudo que puder ser fonte de sofrimento. Resultado: sentimos menos raiva à toa e nos incomodamos menos por problemas pequenos. Seremos mais “gostadores” e menos “odiadores” – e tudo isso implica em saúde física e espiritual.

* Por fim, não duvide dos seus sentimentos autênticos; não duvide da fé pura e do amor puro, a despeito de tudo que a assim chamada civilização fizer para coagi-lo a ser um androide paranoico.



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BIBLIOGRAFIA

  • FONSECA, António Manuel. Personalidade, projectos vocacionais e formação pessoal e social. Porto Codex: Porto Editora, 1994.
  • GENTILI, Paulo. Pedagogia da exclusão. Crítica ao neoliberalismo em educação. Petrópolis: Vozes, 1995. 308p.
  • GHIRALDELLI JR., Paulo. História da Educação. São Paulo: Cortez, 1990. 240p.
  • PIMENTA, Selma Garrido. Orientação vocacional e decisão. Estudo crítico da situação no Brasil. São Paulo: Ed. Loyola, 1979. 136p.



São Leopoldo, junho de 2002






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