quarta-feira, 30 de agosto de 2017

A marcha





Tua demorada angústia, retida em minha memória,
Obriga-me a prosseguir debaixo da chuva e do gelo,
Confiante e temente, em equiparação sem zelo
Dos motivos e dos instintos na vaga trajetória.

Enquanto puder este ar sustentar-me na bravata,
Minha alma e suas extensões responderão às preces;
Mesmo minha férrea máscara de dor se enternece,
Uma vez que te respiro, em minha inspiração exata.

E, chegando aos abismos que te obnubilam a visão,
Deparando-me com os grilhões da moderna escravidão,
Libero o Canto, no Verbo de que me fiz emissário...,

Vendo, assim, o termo austero das desolações vividas,
Ante o abraço longamente ansiado, sem medida,
Nesta cena edificante de um libreto missionário.








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