terça-feira, 22 de agosto de 2017

Como se não fosse verdade





Como se não fosse verdade,
a substância da realidade
surpreende a mente condicionada
pela alimentação domesticadora.

Como se não fosse verdade,
a aglutinação das formas no horizonte
relampegolpeia a corpórea expectativa.
A substância adormecida
desprende-se do insuspeitado encontro.

Fragrantes mistérios,
intrigantes ministérios,
envolventes sussurros interiores,
nova ordem de fatores.

Os seres como figuras
transbordando sensações.
Alimentos cerebrais
que mordemos e absorvemos,
iluminando-nos por dentro e então
os audientes secretários pacifistas ao redor
curvam-se em monóxida reverência,
mas a fuligem nos ameaça
com ingratas represálias.

Amor vegetal,
nossa essência floral
suavizando introspecções.
Vegetamos sobre a crosta planetária,
arborizamos o que resta
da relva pisante.
Como se fosse distante,
concluímos o intento subatômico
entre constâncias diurnas.

A folha de relva segura a gota carmesim.
A sombra dança
na paz sem fim.
Supremo sorriso, inocente enfim.
Caímos em transe
verdadeiro em mim.








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