Bem vindos à minha concha.
Acomodem-se nas cadeiras
e solucem sobre o carpete sumarento.
Minha concha tem rasgos nas paredes
internas
dos quais escorre o sangue verde.
Acima das cabeças um lento raio branco
aos poucos se ramifica em quatro
filamentos
projetando-se da parte inferior
sobre os sentados.
Jatos amarelos esguicham dos olhos
e tingem a parede verde-acinzentada
ondulando logo adiante.
O abajur negro tem vida:
ele abre as asas e dança rodopiando.
Em primeiro plano, os dentes se desprendem.
Caldos intrauterinos borbulham
no tanque-aquário atrás dos gementes.
A enorme coluna vertebral corcoveia
e salta louca e urrante
sobre o desespero imóvel
com forma de mulher.
Os três espelhos estouram,
os caldos evaporam sob as
dinossáuricas costelas
e o grito insuportável faz agitarem-se
as pernas
rasgadas de tanto inchar.
No exato instante em que a asa negra
cobre os olhos do garoto germânico à
espreita,
chovem faíscas de ouro
da imensa caixa torácica que a todos
abençoa
e os olhos
se abrem sangrentos.
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