domingo, 11 de março de 2018

Baile de máscaras infantojuvenil ao céu aberto sob bombardeio de estrelas cadentes viróticas






Não brincamos mais como antigamente...
Já pegamos nojo do que desejávamos inutilmente...
Quebramos nossos espelhos num acesso de fúria ardente...
Cortamos nossos pulsos para saber como é que se sente
o passar do tempo, o incontrolável esvair da mente
sobre o ofertado presente – escarnecedor!
das vontades penetrantes, delirantes,
libertadoras das correntes sufocantes
nestas noites áridas, senilizantes,
de instantes pútridos corrompidas!
Ida?
Somos Vida e não sabemos onde semeá-la.
Somos Sonho e não lembramos de colhê-lo.
Somos os deuses impotentes que julgam se divertir
imiscuindo-se nos teledramas fictícios da estação.

Mas
(um momento... p/ favor...)
quem
se
imiscui agora
por entre
as luzes cônicas girantes?
Cavaleiros da sabedoria
sem passado?
– Garotos.
Corpos, roupas, perfumes,
apenas garotas.
O que mais poderia seduzi-los tanto
como o esquecimento?
– O momento.
Novos brinquedos?

Eis a terra onde viemos chegar.
Eis a luz que pretendia nos cegar.
Eis os cegos tateando o lugar
do conforto disponível pelo tempo necessário.
O tempo necessário é o tempo da colheita
de um corpo mal maduro, reentrância que se ajeita,
grito surdo, luta certa, a turba (una?) logo aceita
e assim persiste um rito funerário.
Erário?
Sempre há um errado na distância parado
– distância dos olhos perdidos de chorar.
Na ânsia de secá-los, escolhera aqui dançar,
após algumas doses, comedidas – o calado.

(Corte.)

A visão do alheio,
o sabor do alheio,
a propaganda do alheio,
a alma do alheio em si
e toda sua fantasmagórica sedução,
afastando-nos ao final
de reconciliar-nos conosco mesmos.
Uma fuga maníaca
cuja chave da compreensão
ainda não nos fora dada
por nenhuma teoria ou hipótese
psicoantropofilosófica.

(Cole.)

Revolucionadores de crenças renegados...
Centavos e centavos em caça-níqueis derramados...
Beijos vitais em mortais lábios desperdiçados...
Manjares e delícias em contêineres embolorados...
Cartas mortas destruídas sem cerimônias sagradas
– salgadas águas dos olhos joviais,
aos poucos envelhecendo de dor,
curvados ao peso da traição e da ilusão,
o requinte da negação, do sarcasmo, do mando,
atroz e corrosivo mando inexplicado,
metalizado,
petrificado,
esvaziado de sentido,
corrompido.
Rompido?

Basta.

(Não ainda, Senhor...
Faz-me santo unicamente num mundo
em que isso seria útil para alguém...
Ensina-me mais
sobre utilidades e urgências.
A visão dos fatos
em suas angulosidades e sinuosidades.)

Pois bem.

Num anfiteatro às margens de um grande rio,
o ajuntamento de milhares da cabecinhas juvenis.
De certa forma, era tudo que precisávamos.
Os fatores já estão relativamente isolados
para facilitar a pesquisa.
Mas alguns de nós têm medo...
Medo da pesquisa...
O que pode se comprovar...
Medo de que pode acontecer mais tarde
a toda carne e ossos da superfície terrestre inteira
que estarão expostos fragilmente
às suas psicóticas almas.
Como conseguiremos, então,
salvar todos estes pobres corpos?
A única beleza genuína que ainda resta
neste cenário de fim dos tempos?

Algum tesouro brilhante
poderia cair do céu agora;
alguma beleza, nem que pequena e fugaz...
Mas as perspectivas
são de um espaço aéreo novamente disputado
e uma órbita Clarke outra vez abarrotada:
novas formas de controle hipnótico
cairão sobre nós
feito pó de fadas.

Aceito com avidez, bom grado
e violenta submissão.








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