segunda-feira, 26 de março de 2018

Fundamentos antropológicos






Fundamentos antropológicos
agora são meros rabiscos
numa grade curricular.
Veja a nossa dignidade vomitando no meio-fio...
Percepções macabras onde nos refugiamos –
“aquela luz suja traiu-nos novamente”.

Tudo é tão incompleto
e nos envergonhamos de completar.
Tudo é superficial
nos toques e carícias,
coreografias arrítmicas entre paredes finas
e paredes finas me perturbam...

Revestir o impulso é biológico,
mas psicopatologizamos o que não entendemos
– e quem poderá entender?
Sinto ter de dizer
e por isso não digo,
guardo em minha respiração
até chegar em casa,
corro direto para o quarto e escrevo
os fundamentos do que sinto.
O que sei me rasga a alma
e, se os cortes chegam a fechar,
ainda há motivos fortes pra gritar
e fito o finito
do seu mais meigo olhar
e procuro o que irá durar,
viro você do avesso
até encontrar a pérola da discórdia,
emolduro-a junto ao coração das minhas trevas
e rio do destino:
um macaco cometeu o desatino
e um anjo cai
sobre sua cama imunda.








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