domingo, 11 de março de 2018

Sobre o supérfluo






O seu último desejo
é mais verossímil que os anteriores.
Um ponto de equilíbrio invejável.
Prestei bem atenção
no diálogo entre o surdo e o mudo
e achei uma lógica na sua história.
Conte outra, por favor.

Preciso de açúcar nesta página insípida,
preciso de música nas noites solitárias,
preciso aquecer a chama humilde que se acende
em algum lugar da sua confiança.

Seu destino eu ignoro,
exceto quanto a amanhã (de manhã – talvez).
Jurei que estaria sempre ao seu lado,
mas você percebe agora
que sou menos do que você imagina
– só não menos que eu mesmo
e a realidade arrancadora de lágrimas.

Preciso de uma pausa nesta corrida,
preciso de um CD novo daquela banda,
preciso encontrar a paz humana que floresce
em algum lugar da sua confiança.

Tantas mágoas lhe esperam
longe do auxílio que posso prestar...
Sinto o pleno abalo passional,
contudo não espero
que a água possa lavar meus medos.
Sou forte, mas nervoso.
Candelabro trevoso.

Preciso de um móvel que me sustente,
preciso cantar e ouvir a resposta,
preciso de grana para gastar com o supérfluo
em algum lugar da sua confiança.

Preciso de grana
em algum lugar da sua confiança.
Preciso de grana
em algum lugar.








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