segunda-feira, 2 de abril de 2018

Gosma





Aquela pura emoção baixa e barata, sem maquiagem, sem moldura, sem cafetinagem. A encenação está morta. Palcos esfumaçados saem do foco das vistas embaçadas de expectativas visguentas. Fugas e tropeços. Caímos ridículos antes da coxia. Mas há lugares de sobra, ainda.

Somos as pregas das cortinas incendiadas no Salão Nobre. Somos os incendiários. As mentes, os cérebros e as caixas cranianas se intercalam e se intertransferem (isso não tem graça). Irrepresentável, inadaptável, inconsumível, invendável, inapreciável  (e nem deveria ser). Chupetas e mamadeiras perdidas pelo chão, veja só... Imagina-TE! Deve ser uma delícia de passividade.

Agora!

Qual o problema? Nunca dormiste lambuzado de inocentes anseios liberais? Mal amado pelo asno piolhento fingido de sumidade literária ofertado a ti desde o início dos tempos terrenos?

Mas nem o planeta Terra e nem mundo algum conhecido, por sinal, pode figurar neste palco sumariamente vazio... Apenas a tosse em frêmitos da audiência ansiosa por decadência, por hipnose. Hipnotizávamos nossas flores raras com um raro entusiasmo, só para ver e tocar a textura da goma de amor vegetal, tão sonhada em nossas juventudes palustres, pluviais e fluviais de sonhos erodidos e derretimentos generalizados. Mistura coloidal – nossas vidas.

Não admito nojo algum. Vai olhar-te no espelho. Tenta não vomitar ou virar o rosto: és tu o autor desta glória.








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