segunda-feira, 2 de abril de 2018

Soneto Urbano II (Os Vândalos)





Este som que me entorpece, este sol que desfalece
Entre os terraços-vigia, refratando, à revelia
Dos comediantes néscios, amotinados dos tédios,
Toda franca picardia! – eis a via dos poentes.

Sãos doentes de alegria, ex-cristãos sem nostalgia,
Todos numa roda vívida de lúdica anarquia,
Nós fluímos, brumas verdes, desrebocando paredes
– Nosso sábio vandalismo abismando os pais das crias.

Mas não vamos muito longe, nossos telhados de vidro
Mal talhados são os freios dos anseios por perigo.
Ah! quem dera fossem seios que nos servissem de abrigo!

“Abrigo” foi o que eu disse? Mas o que tanto fascina
Na versejada dor das torres que agonizam das rimas
Que não seja o diluir das circunscrições umbralinas?








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